sábado, 12 de março de 2011

"A orgulhosa"

Um dia, sentada em um banco em frente a loja onde eu trabalhava esperando que a abrissem, veio à mim um senhor... Um dos chefes dos bombeiros do shopping. E conversando comigo citou esse poema ... É conhecido como sendo de autoria de Castro Alves porém ainda há controvérsias rs rs
 Eu nunca vou me esquecer ^.^''

A orgulhosa

Ainda há pouco pedi-te,
Pedi-te para valsar...
Disseste: — És pobre, és plebeu;
Não me quiseste aceitar!
No entretanto ignoras
Que aquele a quem tanto adoras,
Que te conquista e seduz,
Embora seja da ‘nata’,
É plena figura chata,
É fósforo que não dá luz!

Deixa-te disso, criança,
Deixa de orgulho, sossega,
Olha que o mundo é um oceano
Por onde o acaso navega.
Hoje, ostentas nas salas
As tuas pomposas galas,
Os teus brasões de rainha.
Amanhã, talvez, quem sabe?
Esse teu orgulho se acabe,
Seja-te a sorte mesquinha.

Deixa-te disso, olha bem!
A sorte dá, nega e tira.
Sangue azul, avós fidalgos,
Já neste século é mentira.
Todos nós somos iguais,
Os grandes, os imortais,
Foram plebeus como eu sou.
Ouve mais esta lição:
Grande foi Napoleão,
Grande foi Victor Hugo.

Que serve nobre família,
Linhagem pura de avós?
Se o sangue dos reis é o mesmo,
O mesmo que corre em nós!
O que é belo e sempre novo
É ver-se um fi lho do povo
Saber lutar e subir,
De braços dados com a glória,
Pra o Pantheon da História,
Pra conquista do porvir.

De nada vale o que tens,
Que não me podes comprar;
Ainda que possuísses
Todas as pérolas do mar!
És fidalga? — Sou poeta!
Tens dinheiro? — Eu a completa
Riqueza no coração.
Não troco uma estrofe minha
Por um colar de rainha
Nem por troféus de latão.

Agora sim, já é tempo
De te dizer quem sou eu,
Um moço de vinte anos
Que se orgulha em ser plebeu,
Um lutador que não cansa,
Que ainda tem esperança
De ser mais do que hoje é,
Lutando pelo direito,
Pra esmagar o preconceito
Da fidalguia sem fé!

Por isso quando me falas,
Com esse desdém e altivez,
Rio-me tanto de ti,
Chego a chorar muita vez.
Chorar sim, porque calculo,
Nada pode haver mais nulo,
Mais degradante e sem sal,
Do que uma mulher presumida,
Tola, vaidosa, atrevida,
Soberba, inculta e banal.

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